Domingo de Páscoa Marianense

Sabemos que o domingo de Páscoa celebra a ressurreição de Cristo –  a primeira aparição pública do Salvador após sua crucificação e morte.

E, hoje, celebramos a Páscoa com um significado além: com a nossa família, com um sentimento de renascimento em Cristo: com fé e esperança em um caminho melhor em nossas vidas após o período da quaresma.

É o que aprendemos na tradição religiosa.

E em um momento tão leve e de celebração como este, não cabem contos de assombração. Ou cabem?

Parece que nas terras da primeira capital de Minas tudo pode acontecer…

Tapete de páscoa marianense
Pisar nos tapetes da procissão da Páscoa é o mesmo que não respeitar as coisas divinas. E você sabe o que acontece com que não respeita as coisas de Deus, não sabe?

Sempre cresci ouvindo histórias (ou estórias? Nunca saberei) da minha família, que são arrepiantes e que nunca vou esquecer.

Esta que estou contando foi uma das que me marcou por causa da mensagem que ela tráz e a que mais me fez demorar a dormir na infância.

É um causo que ocorreu com meu avô, Antônio.

Tudo o ocorreu na manhã de Páscoa.

É tradição em Mariana, na manhã do domingo de Páscoa, a confecção dos tapetes de rua para a procissão.

Os tapetes são confeccionados na Rua Direita e na Rua Josafá Macedo, para embelezar a cidade com mensagens de amor, lembrando a ressurreição de Jesus.

E, por volta de 30 anos atrás, o meu avô tinha saído no sábado de aleluia com alguns amigos, mesmo ignorando o pedido da minha avó.

Ela tinha pedido que não saísse na madrugada de sábado para domingo, pois a Semana era sagrada e ainda não tinha acabado.

Mas meu avô não ouviu e decidiu sair para se divertir na virada para o domingo de Páscoa

Tapete de páscoa assombrado
Foi em um desses tapetes que meu avô pisou ao voltar do sábado de aleluia para a casa

Ao voltar para casa, já era por volta das quatro da manhã e meu avô precisou passar pela Rua Direita, que era o caminho mais próximo.

De repente, no meio da rua, ele viu um senhor todo de branco o olhando fixamente. Meu avô conta que sentiu um arrepio muito estranho e, no mesmo segundo, a sua intuição disse que tinha algo errado ali. Então, o senhor, sem se mover, advertiu:

– Você não deveria estar aqui agora. Não deveria andar no meio dessa rua.

Meu avô então respondeu:

-Estou indo para a minha casa e só posso passar por aqui.

E o senhor disse:

– Você deveria ter ouvido o conselho da sua esposa. Essa rua e a semana são sagradas.

E então, o senhor, como em um passe de mágica, desapareceu na frente do meu avô, fazendo com que ele corresse desesperadamente da Rua Direita até a sua casa, que ainda estava longe.

Ao contar essa história para a minha avó, sua esposa, a mesma disse:

– Com certeza, foi algum espírito te punindo por ter saído na Semana Santa e dizendo que a Rua Direita é sagrada por causa da confecção dos tapetes, que traz mensagens de amor e de fé ao próximo.

Depois deste episódio sinistro, o meu avô Antônio nunca mais saiu de casa em hora avançada durante essa época sagrada.

Fica a dica então para quem pensa em passar pela Rua Direita nas madrugadas santas que se lembre sempre desse conto de assombração.

E cabe a seguinte pergunta: como o senhor, de branco, sabia o que a minha avó tinha dito ao meu avô antes dele sair de casa? Mistérios.

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